quarta-feira, 16 de junho de 2010

Aos dez dias

Faz dez dias que você nasceu, e quando penso em você sinto um aperto no coração, um aperto tremendo. Maior do que um murro no estômago, maior do que a dor que um adolescente sente diante de um amor não correspondido. A dor é a mesma que senti quando te vi pela primeira vez, pequenino e frágil. É a dor de perceber o quanto é impressionante que você tenha surgido a partir de mim e que eu o tenha agora como a maior responsabilidade da minha vida, completamente dependente de mim.

Até então, uma das maiores lições que eu tinha assimilado em minha vida é que ninguém tem o direito de terceirizar a responsabilidade pela sua própria felicidade. Cada um de nós é responsável por fazer a vida valer a pena. Mas de repente eu me torno imensamente responsável pela sua felicidade, pelo seu bem estar; sou teu tutor, legalmente responsável pela sua vida e pela sua saúde.

Sim, é uma responsabilidade sem precedente que um pai de primeira viagem assume. Mesmo assim, eu não tenho dúvida de que sou capaz de superar meus próprios limites para que não falte absolutamente nada para você. Esse é o meu papel, e embora pareça uma grande missão eu não me assustarei. Porque sei que se existe uma força de superação nessa vida é o amor, e agora ainda mais, o amor de um pai pelo seu filho.

Não me deixarei impressionar, nem tampouco repreender. Se alguém pode julgar-me bem, este alguém sou eu mesmo, pois só eu sei o quanto quero dar o melhor pra você. Qualquer outra pessoa pode imaginar o que isso é pra mim, mas se nunca foi pai qualquer suposição ficará na superficialidade.

E quer saber? Não me interessa se isso é uma enorme responsabilidade, se isso é meu papel, se isso é minha obrigação. Porque você não é um fardo, e não importa o quanto custe, o quanto eu precise trabalhar para sustentá-lo ou ficar acordado à noite para te dar assistência. Porque quando a gente toma decisões por amor nenhuma outra lei precisa ser citada. E não tem esforço ou trabalho que me desgaste ao ponto de abalar a sensação de tê-lo em meus braços, simplesmente tê-lo em meus braços e observar seu olhar e suas pequenas palavras.

Nesse mistério de amor, na concepção da família, tal como Deus concebeu e sacramentou ao nascer também numa família, é impossível não ver com maior admiração ainda o exemplo de sacrifício e de amor com que o Pai maior, o Deus Pai, teve pela humanidade.

Como pode um pai dar ser filho pelo resgate de muitos? Ainda mais se esses muitos agem de forma leviana, são ingratos, indiferentes...? Como é possível isso? No entanto Ele o fez. Isso é um mistério só possível de entender pela fé. Porque agora entendo esse mistério de uma forma diferente, verdadeira, na pele.

Ser pai me dá um melhor entendimento de quem seja Deus. De sua oferta, de seu amor. É uma releitura que só quem é pai é capaz de fazer. E esse vídeo ilustra tal mistério...

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